Thursday, February 26, 2009

Yes, we can!



Ao cair por acaso naquele comercial que postei aqui em que aparece a Adriana de Oliveira, fiquei mexida com o assunto "morte". O caso dela me fez lembrar o de outras mortes prematuras - Daniella Perez, morta aos 22, Fernanda Vogel, aos 21, e, mais recentemente, Mariana Bridi, aos 20 - e, pensando na morte, acabei pensando na vida. Olhei para as fotos delas - coincidentemente, eram todas lindas e vivazes - e pensei que elas não tiveram a chance de... bom, eu nem sei o que elas queriam da vida. Quando pessoas jovens morrem, o comentário mais comum dos familiares é "Tantos sonhos pela frente..." E, de fato, além da dor da ausência e da saudade, fica o luto pelos sonhos que ficaram pelo caminho a serem realizados. Não sei que sonhos elas tinham, nem sei se tinham sonhos - tem gente que não os tem. De qualquer maneira, o que quer que elas quisessem fazer, elas não podem fazê-lo. A gente pode. E ter me dado conta disso me deu uma deliciosa sensação de estar viva.

Pensemos nos sonhos mais absurdos ou distantes: passar em Medicina na UFRGS, engravidar aos 40, tornar-se jogador de futebol aos 30, emagrecer 20 quilos, ganhar um Oscar, atravessar o Canal da Mancha a nado, criar um conglomerado de empresas, fundar um orfanato, voar de foguete, superar um fracasso... Tudo parece impossível. Mas só é impossivel para elas. Para elas, sim, não há cursinho pré-vestibular que resolva, nem tratamento de fertilidade, nem treino, nem dieta, nem trabalho, nem dedicação, nem perseverança, nem terapia. Para elas está tudo perdido. Já era. Eu fico imaginando as pessoas do outro mundo olhando para nossas caras de derrota e pensando o mesmo que o protagonista daquele filme argentino Valentín: "Existem umas pessoas que passam os dias como se a vida não lhes fosse algo útil".

A gente pode não ter todas as condições necessárias para começar o nosso plano de ação rumo nossas metas, mas o principal a gente tem: vida. Os vivos podem um monte coisas. Um operário pode ser eleito e reeleito presidente do Brasil. Um negro pode ser eleito presidente dos Estados Unidos. Um fisioculturista austríaco pode se tornar ator em Hollywood e depois ainda ser eleito governador da Califórnia. Uma coelhinha da Playboy pode se tornar a apresentadora de programa infantil mais famosa do Brasil. Uma professora desempregada pode escrever um livro infantil e ficar mais rica do que a Rainha da Inglatera. Um escritor brasileiro renegado pela crítica pode vender milhões de exemplares ao redor do mundo e passar a integrar a Academia Brasileira de Letras. Uma brasileira pode ter um filho do Mick Jagger. Uma ex-namorada do Mick Jagger pode casar com o presidente da França. E o Mick Jagger, apesar de todos os excessos - e de tantas namoradas - pode chegar aos 60 anos com a agenda lotada de shows - e shows de rock n' roll, fosse de bossa nova, a gente não se admirava tanto. Só quem já morreu não pode nada disso.

A gente pensa que não pode usar minublusa porque está acima do peso, ou minissaia porque está acima da idade, que não pode largar o emprego que detesta, terminar o casamento infeliz, enfrentar determinadas pessoas e lhes falar tudo o que a gente pensa e sente... Mas a gente pode. A gente precisa pagar um preço por isso, é verdade ( e entenda-se por "isso" quaisquer das alternativas, falar ou calar, terminar ou manter, etc), mas pelo menos a gente pode escolher qual preço quer pagar. E nem isso quem já morreu pode.

Dizem que conhecimento é poder. Que dinheiro é poder. Que networking é poder. Que posição social é poder. Concordo. Mas o maior poder mesmo, o poder indispensável é a vida. Na vida, tudo o que é impossível para os mortos é apenas improvável. E realizar o improvável é uma questão de vontade. Mais, é uma questão de determinação. Uma vez alguém comentou com minha mãe sobre uma pessoa que tinha conseguido emagrecer muito caminhando. Ela não podia pagar academia, então caminhava pelas ruas da cidade todos os dias, sem exceção. Quando chovia - olha lá que imagem bela, que metáfora! - ela saía a caminhar... de guarda-chuva. Esse alguém disse "É muita força de vontade, não é?", ao que minha mãe respondeu "Isso não é vontade, é determinação". Concordo! Duvido que a tal pessoa tivesse sempre vontade de sair caminhando na chuva, levando banho dos carros que passavam por ela. Alguns argumentarão que é vontade, sim: vontade de emagrecer. Eu insisto que não. As vontades são inconstantes, mudam de direção, enfraquecem-se e enfraquecem-nos, levam-nos aos caminhos errados. "Escutar a voz do coração" é um perigo! O coração nem sempre manda fazermos o que é melhor para nós a longo prazo. O coração é infantil, selvagem: só pensa na satisfação imediata. É por isso que precisamos da determinação, que não nos pergunta se estamos com vontade nem consulta a previsão do tempo.

Raul Seixas diz numa de suas músicas que "o negócio é saber que o mar não está pra peixe e sair pra pescar". Ele tem razão. E, se pensarmos bem, o mar só não está pra peixe para quem não pode mais pescar.

E nós podemos.

Falando em comerciais...

...Eu não podia deixar de dedicar um post exclusivo ao meu comercial favorito: o de lançamento da revista Época. É uma verdadeira obra-prima. É de 1998. Só tem uma coisa com a qual não concordo: uma semana não é "nada" para a História. Muita coisa pode mudar em uma semana e até em menos tempo.

Comerciais da década de 80!

No último post eu falei dos comerciais antigos, lembram? Pois pesquisei no YouTube e encontrei alguns.

Este é da Estrela, mas não consegui encontrar o comercial mesmo, só o jingle. Mesmo assim, é de arrepiar. Isso é a infância inteira de quem nasceu por volta de 1980. Aos mais emotivos, preparem os lenços.



Este também marcou época: Chambinho da Chambourcy, ao som de Carinhoso, do Pixinguinha, cantado por crianças. Passou em 1984 - eu tinha 4 anos, e lembro!



Este é da Faber-Castell, com a música Aquarela, do Toquinho. Não há quem não lembre. Fizeram outras versões depois, mas a mais mágica é esta, porque a voz é de uma criança. Estou chegando à conclusão de que crianças gostam de ouvir crianças cantando.



Mais um em que crianças cantam e que todas as crianças amavam: o comercial de Natal do Banco Nacional. "Quero ver você não chorar, não olhar pra trás..."



Este é o da Bolinha de Sabão, de que eu falei no post anterior. É claro que eu queria ter uma, mas era muito cara. Só conheci uma menina que tinha. Ela tinha a Lu Patinadora também. Ela tinha tudo!



Este é do jeans Pool, do "Pool da Gata", que ficou bem conhecido principalmente por causa da música, Wishing Well, do Terence Trent D'Arby. Alguém vê comercial de jeans na TV hoje em dia?



E este é do "Pool do Gato". A modelo do final do comercial é a Adriana de Oliveira. Para quem não lembra - ou para quem não era nascido na época - essa menina era lindíssima - como podem ver aqui - e tinha uma carreira promissora, mas morreu em janeiro de 1990, aos 20 anos, vítima de overdose. Numa noite com amigos e o namorado em um sítio, bebeu, fumou maconha e cheirou muita cocaína. O fato teve muita repercussão - leiam, se quiserem, reportagem de capa da Veja sobre o assunto: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_14021990.shtml - porque, além de envolver uma pessoa famosa, a tragédia poderia ter sido evitada caso a modelo tivesse sido socorrida imediatamente, o que não aconteceu porque seu namorado e seus amigos temeram as consequências legais que isso certamente acarretaria. Deu em morte.



Bom, como já disse no post anterior, uma das mudanças que mais gostei nos últimos anos foi a invenção do YouTube. Eu ficaria uma tarde inteira só olhando comerciais e aberturas de novelas da minha infância.